Tenho sido afetada diretamente pelo excesso de atividades que as crianças fazem hoje em dia: Tenho uma filha de 5 anos e muitos dos meus alunos de flauta também são crianças.
Minha filha freqüenta semanalmente a classe de EBD, a psicóloga, a fonaudióloca e as aulas de música e sempre reclama que não tem um tempo só pra fazer nada. Fico achando que ela está sendo dramática e não dou tanta importância.
Mas, apesar de pra mim as suas atividades extras parecerem poucas, eu talvez devesse repensar essa rotina.
Quanto aos meus alunos; essa semana, durante minhas aulas de flauta, me senti incomodada também com a agenda pesada que a maioria dos meus alunos cumpre semanalmente: Balé, judô, violão, flauta, teoria musical, coral. Orquestra, inglês, kumon, natação, futebol, reuniões da igreja...
Nossas crianças estão sobrecarregadas. Cansadas. E... será que dão mesmo conta de cumprir todas a contento?
Durante as minhas aulas, cobro dos alunos que estudem todos os dias o instrumento. Chamo a atenção quando chegam sem estudar...
E quase todos reclamam que tem que estudar todas as outras coisas também... Que tais e tais dias não podem porque tem essa ou aquela atividade...
É claro que há também aqueles que não estudaram por preguiça... Ou porque a flauta não é exatamente o que eles queriam estudar...
Mas e se for verdade? E se eles estiverem mesmo sobrecarregados de atividades?
Fico imaginando que há dentro deles o medo de falhar...de não dar conta...
..que aquilo é mais uma atividade que vai gastar tempo...
...que aquela professora ali também vai cobrar na próxima vez...
O que nós pais queremos é preparar nossas crianças para o mundo competitivo...
Queremos equipá-las para a vida.... Dar-lhes as melhores e as mais variadas ferramentas... Proporcionar a elas as mais ricas experiências...
Mas o que isso tem significado para as crianças??? O quanto disso tudo que proporcionamos é realmente rico, educativo, construtivo???
Até onde estamos realmente somando à vida deles?
Acho que muito do que queremos proporcionar aos nossos filhos tem mais a ver com os nossos orgulhos e frustrações.
Mais com as nossas expectativas do que com o que realmente importa.
Mais com a nossa falta de tempo para ficar com eles do que com o nosso interesse em seu desenvolvimento.
Mais com a competição com outras mães e pais do que com o crescimento pessoal deles.
Eu realmente acredito que é meu papel proporcionar à minha filha o melhor que eu puder em condições de aprendizado e crescimento e acredito que muitos pais estão com isso em mente também. Mas precisamos realmente repensar, colocar em perspectiva e rever nossas idéias a respeito.
Não tenho ainda uma solução, mas vou pensar a respeito...
Ass: Sal, que ama sua filha
Um comentário:
Com certeza esse é uma ansiedade dos pais. A criança não precisa para ser um profissional qualificado de tudo isso, ao contrário, quando privamos a criança de viver sua infância e enchemos elas de atividades criamos adultos com medos de fracassos e imaturos, já foi comprovado que é brincando que a criança aprende, que a criança cresce emocionalmente. Essa geração vai ser a geração dos imaturos, dos emocionalmente abalados. Nos pais estamos educando os filhos para serem os melhores em todas as áreas, menos na mais importante que é a psíquica!
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