E finalmente ela decidiu virar a página...
Em suas mãos, um livro precioso; daqueles antigos, pesados. Desses que guardamos em prateleiras altas. Aquelas prateleiras em que só se guardam os livros caros e raros. Desses que todos procuram e poucos encontram. E quem encontra, não quer perder.
Talvez por isso tivesse se prendido tanto à leitura. Talvez por isso estivesse ali até agora.
Mas, enfim, ela percebeu, que já estava parada naquela página há muito tempo e precisava mesmo partir adiante, para outras leituras... Pra outros afazeres.
Em sua defesa, devo dizer que a página em questão era bonita, tinha belas gravuras e contava histórias de lindas princesas e seus heróis. Falava de sonhos, amores e promessas. E ela deixou-se divagar, enredada pela fantasia e levada pelo encantamento das falas romanescas.
Mas enfim, a campanha tocou e era a vida chamando pra realidade. E ela acordou, como que num estalar de dedos, e percebeu que já se passara muito tempo. Percebeu, perplexa, que ficara naquela página tempo demais.
Que encantamentos esse livro possuía? O que lhe havia prendido o interesse? Que mágica lhe havia sido aplicada? O que a havia prendido ali por tanto tempo?
Um fio de arrepio lhe percorreu a espinha.
Respirou fundo e entendeu. Era melhor fechar o livro.
Levantou-se e subiu solenemente os dois pequenos degraus da escadinha postada à frente das prateleiras.
Ajeitou cuidadosamente o precioso livro na estante e certificou-se de que ele ficasse em segurança.
Virou-se e saiu.
Ass: Sal, que pretendia ler mais um pouco, mas achou melhor fechar o livro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário